terça-feira, 4 de novembro de 2008

TEXTO ELABORADO EM UMA DAS OFICINAS PARA A OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA

TEXTO DO ALUNO ALDEMIR


MEMÓRIAS DE UM PROFESSOR

O professor Mário trabalha na escola há trinta anos, dá aulas de matemática, mas hoje, ao som do seu violão e cantando Noel Rosa ele nos contou sua história. Em seus olhos deixou transparecer, uma doce saudade, dizendo assim:
“__ Sou natural da cidade de Francisco de Paula, próxima a Oliveira, região chamada de Campo das Vertentes. Iniciei meus estudos na Escola Coronel Mário Campos. Naquela época não havia o pré, entrava-se na escola com 6 ou 7 anos. Quando fui para a escola já lia corretamente, porque a gente aprendia com os mais velhos. Como eu trabalhava na venda do meu avô sabia fazer contas. Aprendi a tabuada com meu avô.
A nossa casa era simples e aconchegante. Podia-se brincar no quintal, subir em árvores e comer frutas do pé. A vida era sossegada e o tempo passava devagar.
Podíamos tomar banho no rio, brincar no barro, andar na chuva, pisar na enxurrada.
A galinha caipira feita no fogão á lenha cheirava longe...
As brincadeiras eram diferentes das brincadeiras de hoje. Não havia computador, internet, celular, era mais divertido. Brincávamos de esconde-esconde, pega-pega, pique latinha, boca de forno, chicotinho queimado, rouba-bandeira e tantas outras que nós mesmos inventávamos.
Durante o dia trabalhava-se na roça. À noite, a família reunia-se para os mais velhos ensinar os mais novos. Também se contava casos à beira do fogão à lenha.
Na escola, as histórias se transformavam em teatro, tínhamos aulas de música, fazíamos três redações por semana e trinta exercícios de matemática por dia. Os professores eram severos e exigentes.
As chances de continuar os estudos eram poucas. Antigamente era difícil conseguir uma vaga na escola pública. O que tinha para fazer era trabalhar na roça e brincar. Tinha que trabalhar para ajudar em casa. Nas férias, um período trabalhava e o outro brincava.
Meu avô é quem pagava meus estudos. Só estudava na escola particular quem não passava na pública.
Vim para Belo Horizonte, fiz matemática na UFMG. Nesta época eu trabalhava e estudava.
A poesia e a música sempre estiveram presentes na minha vida. Gosto muito de Noel Rosa, MPB, e um dia , quem sabe, serei poeta.
Em 1° de agosto de 1974, vim trabalhar na Escola Mestre Ataíde, este lugar faz parte de minha história, mas a minha infância ficará para sempre em minha memória.“
Ao som do violão o professor Mário tocou Noel. Não me lembro mais o nome da letra, mas sei que naquele momento, na biblioteca, era só poesia.

2 comentários:

EVA disse...

PARTICIPEI DA ENTREVISTA COM O PROFESSOR MÁRIO. FOI UM DIA MUITO ESPECIAL. CONFESSO QUE FIQUEI EMOCIONADA AO LER SEU TEXTO.
VOCÊ FAZ PARTE DOS NOVOS ESCRITORES DA EMMMA.
PARABÉNS!!!

flemma2008 disse...

PURA EMOÇÃO...
ALDEMIR VOCÊ É UM ALUNO BRILHANTE!!!!
CONTINUE TRILHANDO O CAMINHO DA LEITURA E DA ESCRITA. DEIXE SUA MARCA HISTÓRICA POR ONDE PASSAR.
PARABÉNS!